A restauração ecológica do Cerrado acaba de ganhar um grande reforço! A Rede de Sementes do Cerrado (RSC), por meio do projeto "Sementes do Cerrado: caminhos para o fortalecimento da cadeia de restauração ecológica inclusiva nos corredores da biodiversidade", vai recuperar 106,6 hectares de áreas degradadas no Corredor Veadeiros–Pouso Alto–Kalunga, em Goiás. A restauração  vai acontecer em três áreas prioritárias: o Parque Estadual Terra Ronca, com 70 hectares; o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, com 30 hectares; e a trilha do Sertão Zen, com 6,6 hectares.

Além do corredor Veadeiros-Pouso Alto-Kalunga, o projeto também vai atuar nos corredores de biodiversidade RIDE DF–Paranaíba–Abaeté, Sertão Veredas–Peruaçu e Serra do Espinhaço, abrangendo territórios estratégicos no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais.

Financiado pelo Edital Corredores da Biodiversidade da Iniciativa Floresta Viva, o projeto tem como objetivo restaurar 200 hectares do Cerrado com uma abordagem que vai muito além da recuperação ambiental. A proposta busca promover a inclusão social, valorizar o conhecimento tradicional, fortalecer a economia local e reconhecer o protagonismo das comunidades na conservação do bioma. “Ao longo de 48 meses, a RSC vai conduzir essas ações de restauração ecológica com foco na mobilização comunitária e na geração de renda por meio da cadeia de sementes nativas que são pilares fundamentais para uma restauração verdadeiramente inclusiva e transformadora”, destaca Natanna Horstmann, vice-presidente da RSC e coordenadora-geral do projeto Sementes do Cerrado. 

PETER

No Parque Estadual Terra Ronca (PETER), localizado em São Domingos, a ação busca reverter danos causados por incêndios criminosos, turismo desordenado e expansão agropecuária, que levaram à perda de matas ciliares e ao avanço da degradação. Para mitigar esses impactos, por meio de um Acordo de Cooperação Técnica com a Secretaria do Meio Ambiente de Goiás, a RSC já atua desde 2022 na restauração de 221 hectares dentro do PETER.

Agora, com o novo projeto, mais 70 hectares serão restaurados. A coordenadora explica que serão realizadas diversas ações como cercamento de áreas degradadas, controle de espécies exóticas, descompactação do solo e plantio de enriquecimento ou restauração total, conforme a necessidade de cada polígono. “A prioridade será a semeadura direta de capins, arbustos e árvores nativas, garantindo a regeneração da vegetação original e o fortalecimento da biodiversidade”, destaca Natanna. 

PNCV

No Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o foco da restauração será a região do Mulungu, onde gramíneas exóticas ameaçam a biodiversidade. A Associação Cerrado de Pé (ACP), parceira da RSC, lidera os trabalhos na área. "Com apoio da RSC, a ACP será responsável por restaurar 30 hectares na região do Mulungu. A restauração, que será realizada pelos próprios coletores de sementes nativas,  será fundamental para recuperar a funcionalidade ecológica da área”, acrescenta a coordenadora. 

Vale lembrar que nos últimos anos, cerca de 200 hectares do PNCV passaram por processos de restauração, muitos deles conduzidos pela RSC em parceria com a ACP e empresas do setor privado.

Sertão Zen

Outro ponto crítico é a trilha do Sertão Zen, incorporada ao PNCV após anos de uso privado. O tráfego intenso resultou no alargamento do caminho, erosão e perda de vegetação. “Para mitigar os impactos, a solução proposta envolve o fechamento da trilha degradada e a criação de uma nova rota, alinhada às normas de conservação. No local, serão restaurados 6,6 hectares de área”, finaliza Natanna.

Financiador

O projeto "Sementes do Cerrado: Caminhos para o fortalecimento da cadeia da restauração ecológica inclusiva nos corredores da biodiversidade" é financiado pelo Edital Corredores da Biodiversidade da Iniciativa Floresta Viva, promovida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A iniciativa tem como objetivo apoiar projetos de restauração ecológica em diferentes biomas brasileiros, contando com o apoio da Petrobras e do FUNBIO como parceiro gestor.

Texto: Thaís Souza

Edição: Maria Antônia Perdigão

Foto: Luana Santa Brígida