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    RSC promove capacitação e fortalece restauração ecológica com comunidades do Cerrado

    Com o tema Restauração Ecológica do Cerrado, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC) promoveu de 10 a 13 de junho, uma capacitação voltada a representantes de comunidades tradicionais e rurais. Realizado na Aldeia Multiétnica, em Alto Paraíso de Goiás (GO), o encontro reuniu 34 participantes de povos indígenas, quilombolas, geraizeiros, extrativistas, comunidades fundo e fecho de pasto, agricultores familiares, assentados da Reforma Agrária e Agentes Temporários Ambientais, do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV).

    A proposta é fortalecer a formação de agentes comunitários da restauração ecológica e fomentar a cadeia produtiva da restauração no Cerrado. A capacitação visa contribuir para o enfrentamento dos desafios da restauração nos territórios, promovendo a troca de experiências entre diferentes contextos fortalecendo o protagonismo das comunidades envolvidas. 

     

    Capacitação

    Coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da RSC, Jamily Pereira explicou que “o curso, que foi ministrado pelos palestrantes Bárbara Pacheco, da VerdeNovo Sementes, e Alexandre Sampaio, do ICMBio e combinou momentos teóricos e práticos, abordando desde os conceitos e fundamentos da restauração ecológica até os fatores de degradação e os limitantes da regeneração natural. Os participantes também discutiram leitura de paisagem, diagnóstico de áreas degradadas, estratégias de plantio com sementes nativas, preparo do solo, além de temas como monitoramento e manutenção das áreas em restauração”, detalhou.

     

    De acordo com Flávia Nogueira, geraizeira e quilombola da Cerrado Vive e do grupo de coleta Cerrado em Defesa, participar do curso foi uma experiência transformadora. “Tive a oportunidade de aprender coisas que eu pensava de um jeito diferente. Eu cheguei com a ideia de recuperar a nascente da minha comunidade, mas aprendi que, antes de tudo, é preciso cuidar do entorno, entender o que está causando a degradação. Isso abriu meus olhos! Além disso, aprendi técnicas que eu nunca imaginaria e a troca de saberes foi muito rica. Isso me fez sentir valorizada, porque mostra que o saber da comunidade é tão importante quanto o da universidade. Saio daqui me sentindo mais forte e muito mais preparada para cuidar da minha terra.”

    Para Polyana Barbosa, do Alto Vale do Jequitinhonha, o encontro ampliou horizontes e fortaleceu o sentimento de pertencimento. “Participar deste curso nos fez enxergar de forma mais ampla que não estamos sozinhos nessa luta para recuperar nossas águas, nossas nascentes, nosso território. Tudo o que vivemos aqui trouxe experiências e caminhos para aplicar na nossa realidade, nas nossas comunidades. Fica um sentimento de gratidão e também de vontade de multiplicar esse conhecimento, de envolver mais pessoas, de aprimorar ainda mais. É muito importante essa troca com outros territórios, perceber que as dificuldades são parecidas em vários lugares, mas que com união, orientação e gestão faremos a diferença para melhorar nossas terras, garantir a conservação e a restauração que tanto precisamos”, disse.

     

    Dia de Campo

    Na quarta-feira (12), o grupo participou de um dia de campo no Mulungu, área dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. A atividade foi realizada com apoio da Associação Cerrado de Pé (ACP) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e proporcionou a vivência prática de técnicas discutidas em aula, além do intercâmbio com aprendizados e experiências locais de restauração.

    Ao final do encontro, Maria Eduarda Moreira, coordenadora de Restauração Ecológica da RSC, salientou a alegria ao ver a dedicação e interesse de todos ao longo dos dias. “Eles trouxeram no trabalho final do curso, que foi um Plano de Restauração, todo o conhecimento que já tinham, somado ao que construímos juntos ao longo do curso, além das trocas riquíssimas. Fiquei emocionada com a qualidade dos trabalhos. Pensaram em tudo: paisagem do entorno, solo, resiliência dos ecossistemas… Um nível de cuidado, detalhe e técnica que, sinceramente, nem sempre vemos em trabalhos de grandes instituições. Sinto que nosso objetivo foi alcançado”, evidenciou a coordenadora.

    Para ela, “o mais bonito foi ver como, ao longo do processo, foram ganhando mais confiança nas ações que já realizam em seus próprios territórios. Isso é transformador. Saímos de lá com pedidos de continuação, novos módulos e encontros on-line para continuar a formação”, concluiu Maria Eduarda Moreira. 

     

    Participantes

     

    Os participantes vieram de 25 municípios distribuídos entre os estados de Mato Grosso, Distrito Federal, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Maranhão, Tocantins e Pará, evidenciando a diversidade territorial e sociocultural presente no encontro.

     

    Realização

    A capacitação integra os projetos Tecendo Redes e Restaurando Cerrado e Sementes do Cerrado: caminhos para o fortalecimento da cadeia da restauração ecológica inclusiva nos corredores da biodiversidade, ambos executados pela RSC. A iniciativa conta com parceria da ARATICUM, por meio do projeto Araticum: Fortalecendo políticas públicas e projetos de restauração no Cerrado através de apoio à Articulação pela Restauração do Cerrado, e apoio financeiro da HEKS/EPER.

    Pelo projeto Araticum: Fortalecendo políticas públicas e projetos de restauração no Cerrado através de apoio à Articulação pela Restauração do Cerrado, financiado pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), o curso ocorreu pelo eixo de Fortalecimento e Engajamento das organizações de restauração. O objetivo é apoiar as organizações de restauração, especialmente as de base comunitária, com formação em captação de recursos, apoio na gestão, planejamento, implementação e monitoramento de projetos.

     

    Financiado pelo Fundo Ecos, o projeto Tecendo Redes e Restaurando Cerrado,  visa fortalecer redes de coletores de sementes e ampliar a atuação de grupos comunitários na restauração do bioma. A iniciativa surge como resposta à escassez de oportunidades de formação técnica e acesso a tecnologias e metodologias adequadas para que esses grupos possam expandir sua participação na restauração.

     

    O projeto Sementes do Cerrado: caminhos para o fortalecimento da cadeia da restauração ecológica inclusiva nos corredores de biodiversidade é financiado pelo Edital Corredores da Biodiversidade da Iniciativa Floresta Viva, promovida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A iniciativa tem como objetivo apoiar projetos de restauração ecológica em diferentes biomas brasileiros, contando com o apoio da Petrobras e do FUNBIO como parceiro gestor.

    Publicado em 16/06/2025

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