Já pensou em fomentar o comércio de sementes nativas, promover uma fonte de renda para as populações tradicionais e ainda restaurar áreas degradadas? É dessa forma que atua a Rede de Sementes do Cerrado (RSC), associação que trabalha na articulação para o fortalecimento da atividade de coleta de sementes de espécies nativas da flora do Cerrado.
O foco de atuação da Rede está voltado para a região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, além de Brasília e no norte de Minas Gerais. “Um dos nossos eixos de atuação é a restauração, fazer com que áreas degradadas voltem o mais próximo possível da sua formação original, com todas as suas funções ecológicas ali envolvidas. Também promovemos a comercialização das sementes nativas e, assim, a restauração do bioma Cerrado”, comenta Camila Motta, presidente da RSC.
O cunho social do trabalho desenvolvido pela Rede é um dos principais pilares da organização, uma vez que a comercialização das sementes nativas gera renda para as comunidades locais, além de estimular a conservação de áreas por essas populações. “Um fator muito importante na cadeia da restauração é o envolvimento social. O papel do coletor de sementes é muito importante não só para a geração de renda, mas também para a restauração, e o objetivo principal é a conservação, trazer o Cerrado de volta”, explana Camila Motta.
Ao todo, já foram 450 pessoas capacitadas na produção de sementes nativas e na restauração ecológica, 11 comunidades beneficiadas, 250 hectares em processo de restauração, mais de 30 negócios fechados com a comercialização e mais de 10 toneladas de sementes já comercializadas com o apoio do projeto “Mercado de Sementes e Restauração: Provendo Serviços Ambientais e Biodiversidade”, além dos apoios do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, Critical Ecosystem Partnership Fund) e do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).
O presidente da Associação Cerrado de Pé, Claudomiro de Almeida, nativo da região da Chapada dos Veadeiros, foi um dos beneficiários do projeto, junto com a sua organização: “Essa parceria foi fundamental. Hoje, a nossa associação conta com muitas famílias envolvidas no projeto. A RSC nos apoia na organização, na busca dos compradores da semente, também com capacitações para os coletores. As famílias fazem o que sabem, que é coletar e armazenar as sementes, e a RSC vem com esse suporte.”
A pandemia gerou desafios e dificuldades para muitas organizações, que precisaram se reinventar. Para a Rede Sementes do Cerrado, 2020 foi o ano com melhores resultados na comercialização de sementes, segundo Camila Motta; dentre outros fatores, isso se deve ao avanço sobre a pauta da restauração: “O aumento da necessidade dos produtores rurais se adequarem ambientalmente, as empresas, o efeito dos cursos que fizemos, toda mobilização que o projeto faz com as parcerias. Todos esses fatores juntos estão refletindo na prática. Ano passado foram 30 negócios fechados”.
Capacitação com o Consórcio Cerrado das Águas
A capacitação de produtores rurais e a demanda por restauração através de sementes nativas propiciou a parceria com o Consórcio Cerrado das Águas (CCA). A Rede Sementes do Cerrado (RSC) forneceu sementes nativas para o CCA, e, em 2021, será realizada pelas duas organizações uma capacitação, à distância, para os produtores do município de Patrocínio (MG), sobre a coleta de sementes nativas e restauração. “Por meio desse curso vamos capacitar os produtores rurais no que tange à restauração”, afirma Camila Motta.
Conheça mais o trabalho da Rede de Sementes do Cerrado (RSC): https://www.rsc.org.br/
Baixe o calendário para orientar a coleta de sementes nativas incluindo árvores, arbustos, gramíneas e outras ervas do Cerrado. Todas as informações são regionais e específicas da Chapada dos Veadeiros (GO). A comercialização de sementes gera renda para mais de 60 famílias e ajuda a conservar o Cerrado!
Reportagem de Luana Luizy, Assessora de Comunicação, Instituto Internacional de Educação do Brasil
Fotografia: Dudu Coladetti
Publicado em 18/02/2021