Um dia para tirar dúvidas e trocar experiências. Assim foi o encontro virtual realizado pela equipe da Rede de Sementes do Cerrado (RSC) e Associação de Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu (Aprospera) para os participantes do curso de Coletas de Sementes para Restauração do Cerrado. A ação teve o objetivo de responder todos os questionamentos dos participantes acerca dos seis módulos já ministrados, conhecer a realidade de cada participante e principalmente reforçar sobre a coleta de sementes com foco na comercialização.
Presidente da RSC, Camila Motta contou como o trabalho foi iniciado pelo grupo, abordou os primeiros experimentos e como a técnica da semeadura direta possibilitou a comercialização do produto em grande escala. “Este trabalho pioneiro com gramíneas realizado com diversos parceiros e associado á pesquisa aplicada, nos trouxe uma certa expertise na restauração do Cerrado brasileiro e fez com que conquistássemos este espaço, mas além deste processo de saber como coletar, beneficiar e armazenar, é preciso discutir sobre a comercialização. Tem demanda? Pessoas dispostas a comprar as sementes coletadas? ”, questionou a bióloga.
Moradora em Divinópolis, município que integra a Área de Proteção Ambiental (APA) do Cantão (TO), a cursista, Maria do Socorro Ferreira, destacou que na Região já houveram alguns grupos de coletores de sementes, no entanto a proposta não seguiu adiante devido à falta de perspectiva e direcionamento. Sobre este aspecto, Camila Motta evidenciou que é importante antes da coleta saber o porquê de tirar essas sementes da natureza. Existem pessoas querendo comprar? Qual o destino elas terão? Vão ser utilizadas na restauração? Este destino é fundamental, pois do contrário estaremos fazendo o oposto e tirando sementes da natureza sem nenhum sentido maior”.
Analista de produção de sementes da Black Jaguar, ONG que atua com restauração no corredor do Rio Araguaia, Laís D'Isep dos Santos, pontuou que trabalha para fomentar um coletivo de sementes nestas regiões do Tocantins, uma vez que o projeto de restauração é uma ação a longo prazo e possui grande demanda. Hoje, a Organização compra sementes de outras organizações, como da Rede de Sementes do Xingu.
Além da estruturação para as coletas de sementes e a comercialização dos produtos, Camila Motta detalhou sobre a legislação que exige o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), vinculado ao Ministério da Agricultura que regulariza a função de coletor e produtor de mudas e sementes nativas. O grupo participa ainda, neste sábado, 25, de uma aula prática que acontecerá no Núcleo Rural Piripau Assentamento Oziel Alves III, em Planaltina (DF).
Publicado em 23/06/2022