No mês em que celebra a Mulher, suas lutas e conquistas, o Podcast da Rede de Sementes do Cerrado aborda a força das mulheres em prol da conservação do Cerrado e destaca como a produção de sementes nativas do Cerrado tem contribuído com o empoderamento feminino. No sétimo episódio do Semeando contamos um pouco da história de mulheres que encontraram nessa atividade uma forma de complementar a renda e ajudar a manter esse importante bioma em pé.
Atual Presidente da Associação Cerrado de Pé, Cíntia Oliveira Carvalho, relata como esta experiência mudou sua visão de mundo e transformou sua vida. “Eu sempre fui da agricultura familiar. Ainda na infância lembro que era comum desmatar para plantar. E continuamos com este modelo por bastante tempo, até conhecer o projeto de coleta de sementes para restauração. Eu nunca tinha ouvido falar em plantação de Cerrado! Mas aí, conforme fui trabalhando, fui gostando. E hoje é algo que eu defendo. Tenho orgulho de falar que eu sou coletora”, destacou.
Com o objetivo de incentivar outras mulheres, a coletora revela os desafios enfrentados e ressalta como este trabalho melhorou a vida das mulheres envolvidas na atividade. Cíntia destaca que foi muito bem acolhida pela equipe e hoje sente-se mais segura, no entanto, por medo de sofrer preconceito teve resistência para assumir o cargo. “A maioria dos integrantes da Associação são mulheres e em conversa com elas temos um respaldo muito bom. Muitas não tinham renda, ficavam só ali em casa. O projeto contribuiu bastante com o financeiro destas famílias. Outro ponto que vale destacar é que a coleta realizada por mulheres é muito bem-feita e traz diferença na qualidade do nosso produto. Este trabalho tem sido de grande aprendizado, gerando crescimento pessoal e profissional para todos nós, afirma.
O segundo bloco do Podcast traz a entrevista com a Pesquisadora em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural, a quilombola da comunidade Kalunga Vão do Moleque, Maria Lídia que também faz parte da gestão da Associação Cerrado de Pé como Secretária. Ela conta como as mulheres da comunidade se organizaram para montar o grupo de coletoras quilombolas no Vão do Moleque. “Com a pandemia muitas pessoas estavam com dificuldade de renda, além disso as mudanças climáticas interferem no processo de colheita. Foi aí que fiquei sabendo do trabalho da RSC. Entrei em contato com a presidente Camila Motta que explicou que a venda das sementes era exclusiva das coletadas pela Cerrado de Pé. Falei com o Claudomiro, presidente da Associação à época que se prontificou a nos ajudar, no entanto, para iniciar a coleta era preciso uma formação de coletoras. Pandemia, isolamento, o que fazer? Iniciamos o curso on-line com dez mulheres, e rapidamente chegamos a 30. Muitas não têm internet em casa, mas iam para o vizinho ou até mesmo para escola local e faziam o curso. Foi um desafio e tanto e é muito bom perceber que vencemos”, narra Maria Lídia.
A comercialização de sementes nativas para a restauração gera renda para centenas de famílias e tem um poder transformador no que tange não só ao empoderamento das mulheres das comunidades envolvidas, mas também com relação ao envolvimento dessas comunidades na pauta da conservação ambiental. Você pode conferir o bate-papo completo disponível na plataforma do Spotify e no canal da RSC no YouTube.
Publicado em 25/03/2022