A equipe técnica da Rede de Sementes do Cerrado (RSC), deu início na última semana, às visitas aos coletores de sementes nativas que integram a Associação Cerrado de Pé com intuito de retomar o acompanhamento presencial das coletas e discutir demandas diversas como os prazos das entregas das encomendas. Entre as visitadas está a comunidade do Vão do Moleque do território quilombola kalunga, o maior do Brasil.
Além da equipe técnica que atua diretamente na cadeia produtiva de sementes, as visitas contaram também com a presença da Presidente da RSC, Camila Motta, da Vice-Presidente Anabele Gomes e de voluntários. Na ocasião, a equipe teve a oportunidade conhecer as novas coletoras Kalungas que passaram a integrar a Cerrado de Pé, orientar como funciona o processo de produção de sementes, receber demandas da comunidade e tirar dúvidas.
Nascido e criado no Vão do Moleque, o coletor Emilvelton Fernandes (Ni) conta como este trabalho tem mudado sua vida, assim como dos demais coletores da comunidade. “Hoje eu tenho dinheiro para fazer meus negócios e faço compras com essa renda. Esse é um trabalho que é feito em grupo, ou seja, que a gente faz em união. E eu tenho fé que ele se fortaleça cada dia mais, pois ajudou muito a comunidade. É um dinheiro certo. Se a gente trabalhou, coletou, vendeu, a gente recebe e faz o que quer”, detalha o coletor ao acrescentar que muitas famílias aguardam uma oportunidade para integrar a Associação e realizar a coleta de sementes nativas do Cerrado.
Ao destacar a importância deste contato direto com os coletores, a Presidente da RSC lembrou que há mais de um ano todas as atividades têm sido realizadas na modalidade on-line. “Durante esta pandemia, nós não deixamos de conversar com os coletores, porém o contato presencial, olho no olho é diferente. Essas visitas são uma oportunidade para trocarmos experiências, ouvirmos as demandas, reforçar a relação de confiança e juntos pensarmos coletivamente em ações que possam aprimorar ainda mais esse trabalho”, acrescenta Camila Motta.
Vale lembrar que a comercialização das sementes nativas gera renda para mais de 80 famílias que residem na Região da Chapada dos Veadeiros (GO). Com a produção e a venda dessas sementes, já foram restaurados mais de 300 hectares de áreas degradadas. Conservar a sociobiodiversidade do Cerrado tem sido a missão da Rede de Sementes do Cerrado.
Apoio
Até agosto deste ano, a comercialização de sementes nativas realizada por meio do Projeto Mercado de Sementes e Restauração: Promovendo Serviços Ambientais e Biodiversidade contou com o apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, Critical Ecosystem Partenership Fund).
O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos é uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Conservação Internacional, União Europeia, da Gestão Ambiental Global, do Governo do Japão, e do Banco Mundial. Uma meta fundamental é garantir que a sociedade civil esteja envolvida com a conservação da biodiversidade.
Publicado em 18/10/2021