Dando continuidade às ações de fortalecimento das comunidades tradicionais, a Rede de Sementes do Cerrado (RSC), em parceria com a Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum), realizou na última sexta-feira (12) a Oficina Estratégias de Comercialização. A iniciativa aconteceu durante o Encontro Regional de Coletores, realizado junto com o XI Encontro e Feira dos Povos do Cerrado. A oficina teve como objetivo ampliar a capacidade das comunidades envolvidas na coleta, oferecendo ferramentas para melhorar o acesso ao mercado, valorizar a sociobiodiversidade e fortalecer a economia das populações que atuam na restauração ecológica.

A formação destacou como a comercialização de sementes nativas pode fomentar a restauração ecológica, regulamentar práticas de coleta e gerar impactos sociais, econômicos e ambientais positivos para as comunidades do Cerrado. Além de garantir qualidade e rastreabilidade, essa prática contribui para a valorização da biodiversidade e o fortalecimento da rede de coletores.

A engenheira florestal Laiane Korte, representante da Brotar Socioambiental, destacou o caráter enriquecedor do debate. Segundo ela, a oficina possibilitou discutir diversos temas, entre eles as estratégias para captação de clientes, ponto fundamental para comunidades diretamente envolvidas na coleta de sementes. “Abrimos um leque de discussão para que possamos identificar potenciais clientes e garantir a correta destinação desse insumo tão valioso que é gerado pelas redes de sementes nativas”, afirmou.

Durante a programação, também aconteceu uma roda de conversa entre coletores e facilitadores, que abriu espaço para compartilhar experiências, identificar necessidades e desafios das redes de comercialização de sementes e discutir estratégias coletivas para fortalecer a cadeia de restauração inclusiva no Cerrado. “Foi uma grande oportunidade de conhecer outros povos que estão no Cerrado e novas experiências em outros territórios. Isso traz um sentimento de que a gente não está sozinho e que a gente compartilha das mesmas lutas e das mesmas vitórias”, destacou Fabrícia Santarém, representante da Rede de Coletores Geraizeiros (COOCREARP).

Encontro Regional de Coletores

Painel de apresentação sobre estratégias de comercialização para fortalecer as redes de sementes nativas do Cerrado - Foto: Ana Lydia Gonçalves

Promovida em parceria com o WWF-Brasil e a Araticum, a oficina  foi conduzida por Aline Ferragutti (Redário), Laiane Korte (Brotar Socioambiental) e Alexandre Lage (Central do Cerrado) e reuniu coletores de diversas regiões em um espaço coletivo sobre os caminhos e desafios da comercialização de sementes nativas. 

Participaram do Encontro Regional de Coletores representantes da Associação dos Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu (Aproospera), Associação Quilombola Kalunga (AQK), Rede de Coletores Geraizeiros (COOCREARP), Rede de Sementes do Oeste da Bahia (ARSOBA), Associação de Coletores Cerrado de Pé, Assentamento Chapadinha, Cooperuaçu, COOPITAUNA, Rede Flor do Cerrado, Ressemear e Rede Sementes do Paraíso.

O Encontro Regional de Coletores de Sementes é uma atividade vinculada ao projeto “Sementes do Cerrado: caminhos para o fortalecimento da cadeia de restauração ecológica inclusiva nos corredores de biodiversidade”, financiado pela Iniciativa Floresta Viva. O evento também conta com o apoio financeiro do iCS - Instituto Clima e Sociedade e da Araticum - Articulação pela Restauração do Cerrado.

Sobre o Projeto

Sementes nativas do Cerrado utilizadas em ações de restauração ecológicas e no fortalecimento das cadeias comunitárias de comercialização - Foto: Ana Lydia Gonçalves.

Executado pela RSC, o projeto visa restaurar 200 hectares com espécies nativas do bioma, promovendo a inclusão produtiva por meio da cadeia das sementes e da mobilização comunitária. A iniciativa irá implementar uma Unidade Demonstrativa de SACE no Assentamento Oziel III, onde seis hectares serão restaurados com foco na geração de renda, soberania alimentar e conservação.

Vale destacar que o projeto é financiado pelo Edital Corredores da Biodiversidade da Iniciativa Floresta Viva, promovida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A iniciativa tem como objetivo apoiar projetos de restauração ecológica em diferentes biomas brasileiros, contando com o apoio da Petrobras e do FUNBIO como parceiro gestor.