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    Dia da Conscientização sobre as Mudanças no Clima: Como a semeadura direta ajuda a restaurar biomas e mitigar a crise climática

    Neste domingo, 16 de março, o Brasil celebra o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, um lembrete urgente da necessidade de ação diante dos desafios impostos pelo aquecimento global. Ondas de calor intensas, eventos climáticos extremos e a perda acelerada de biodiversidade afetam diretamente o país, exigindo soluções eficazes. Nesse cenário, uma técnica simples, mas poderosa, ganha espaço: a restauração com semeadura direta! Trata-se de um método de restauração ambiental que alia conservação, geração de renda e combate à crise climática.

     

    Diferentemente do plantio tradicional com mudas, a semeadura direta consiste na dispersão de sementes nativas diretamente no solo, simulando o ciclo natural de regeneração das espécies. “Essa abordagem tem se mostrado altamente eficiente na recuperação de áreas degradadas, contribuindo para a fixação de carbono, a redução da erosão e a melhoria da infiltração de água no solo”, explica Edézio Miranda, especialista de restauração da Agroicone.

     

    Em 2024, instituições como a Agroicone, por meio da Iniciativa Caminhos da Semente, e a Rede de Sementes do Cerrado (RSC) registraram avanços nessa frente. No Sudeste do Brasil, a Iniciativa Caminhos da Semente utilizou mais de seis toneladas de sementes nativas para restaurar 157 hectares. A iniciativa é uma rede de pessoas e organizações que têm a meta de alavancar a restauração ecológica por meio da técnica de semeadura direta.

     

    Enquanto isso, no Cerrado brasileiro, a RSC, por meio dos projetos Restauração Inclusiva em Escala no Cerrado e Águas Cerratenses: Semear para Brotar, recuperou 300 hectares de área, utilizando quase oito toneladas de sementes. Fundada há duas décadas, a RSC é uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), cujo objetivo é promover a conservação desse bioma e a valorização de sua sociobiodiversidade.

     

     Adelice Farias da Silva é coletora há mais de dez anos e compartilhou suas conquistas através da coleta de sementes

     

    Além dos benefícios ecológicos, a semeadura direta também promove a geração de renda para comunidades locais que atuam na coleta de sementes. Esse é o caso de Adelice Farias da Silva, que, há dez anos, deixou o trabalho de diarista em São Jorge (GO) para atuar como coletora de sementes nativas. Membro da Associação de Coletores Cerrado de Pé (ACP), Adelice é quilombola do território Kalunga e vive na Comunidade do Vão da Ema(GO). Ela conta que foi por meio da coleta de sementes e do Cerrado que conquistou o pequeno patrimônio que começou a construir. “Já consegui construir minha casa. Nunca a terminei, mas consegui construir. E todo o dinheiro que eu pego, aplico na minha casa ou em outras coisas”, relata Adelice.

     

    A temporada de coleta de 2025 já começou para Adelice, e o trabalho com a conservação do Cerrado permite que ela sonhe ainda mais alto. “Eu aprendi muito e, agora, como instrutora, estou ensinando muitas pessoas. Meu sonho é trabalhar ainda mais e comprar um carro para poder coletar sementes em locais mais distantes”, acrescenta.

     

    Mais do que uma alternativa de sobrevivência, o contato com a natureza é uma forma de manter viva sua conexão com a terra e seus saberes ancestrais. Ao participar da coleta de sementes, essas comunidades também contribuem para a conservação dos biomas. Essa prática fortalece a economia local, promove a autonomia financeira e valoriza o conhecimento tradicional, que é passado de geração em geração.

     

    Vale destacar que, além dos benefícios sociais e econômicos, a semeadura direta se alinha às metas globais de restauração de ecossistemas, como o compromisso assumido pelo Brasil na Década da ONU da Restauração de Ecossistemas (2021-2030). Ao investir em técnicas que integram a conservação ambiental e a geração de renda, o país avança na luta contra as mudanças climáticas e promove justiça social e inclusão para comunidades que historicamente têm sido marginalizadas.

     

    Sobre as iniciativas
    A Iniciativa Caminhos da Semente reúne pessoas e instituições públicas e privadas com o objetivo de dar escala à restauração ecológica no Brasil, incluindo o método de semeadura direta. A iniciativa nasceu a partir de um plano de ação estratégico elaborado em 2019, com contribuições de mais de 250 atores de 160 organizações envolvidas na restauração ecológica. Em cinco anos, esse plano ambiciona alavancar a restauração ecológica com semeadura direta.

     

    Já a RSC atua na gestão de projetos socioambientais e se tornou referência na produção de sementes nativas do Cerrado, desenvolvendo também ações de restauração ecológica, pesquisa aplicada e articulação política e técnica. Ao longo dos anos, a Rede tem contribuído com soluções inovadoras para a restauração ecológica inclusiva, atuando desde a coleta de sementes até a formulação de políticas públicas.

     

    Foto: Luana Santa Brígida

    Publicado em 15/03/2025

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