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    A Força da Mulher na Conservação: produção e comercialização de sementes nativas contribui para o empoderamento feminino

                                                                             Foto: Luana Santa Brígida

    Moradora da comunidade Kalunga do Vão do Moleque, dona Marcelina Pereira Derrota é uma das integrantes da Associação de coletores Cerrado de Pé, que encontrou na coleta uma forma de distração e complemento da renda familiar.  Ela conta a sensação de sair em busca de sementes nativas do Cerrado. “Dá uma tranquilidade quando a gente vai para o Cerrado. Coleto só ou com minhas amigas e é ótimo, uma farra. O beneficiamento é feito em casa e este ano coletamos sementes de muitas espécies como Capim Brinco-de-princesa, Capim Rabo-de-burro, Caju e Jatobá-da-mata”, afirma a coletora ao adiantar que planeja continuar executando a atividade.

    Os impactos sociais da produção e comercialização de sementes nativas do Cerrado para a restauração ecológica também é perceptível no relato da coletora Geruza Soares Pereira que mora na comunidade Malhadinha. “Coleto e gosto do trabalho, de ser coletora de sementes.  A coleta é de grande ajuda, pois por meio dela consigo possuir minhas coisas e sustentar minha casa. É muito bom saber que contribuímos no reflorestamento das áreas. No Cerrado estas árvores servem de alimento, são remédios, por isso é tão importante mantê-las de pé”, pondera a coletora.

    Durante as visitas realizadas, recentemente, pela equipe técnica da Rede de Sementes do Cerrado (RSC), aos coletores da Cerrado de Pé na Chapada dos Veadeiros, 30 novas coletoras passaram a integrar a Associação passando para cerca de 100 o número de famílias impactadas pelo projeto Mercado de Sementes desenvolvido pela RSC. Na ocasião, a equipe aproveitou a oportunidade para explicar o processo de comercialização das sementes e tirar todas as dúvidas quanto à cadeia de restauração. “Um momento de troca muito legal, pois conhecer e entender o funcionamento deste trabalho, contribui na qualidade do produto e serviço oferecido pela RSC”, destaca Maria Eduarda Camargo que atua diretamente na cadeia produtiva de sementes nativas, com a gestão da comercialização de sementes, articulação entre parceiros, coletores de sementes e restauradores dentre outras atividades.

    Outro ponto mencionado pela técnica foi sobre o compartilhamento de vivências entre as coletoras. “Por sermos uma equipe composta por mulheres, percebi uma facilidade das coletoras em compartilhar suas experiências, suas rotinas e desafios. Isso é muito bom, pois reforça a relação de confiança. Mais do que gerar renda a partir do Cerrado, o projeto da Rede busca promover a inclusão de gênero e contribuir para que as mulheres conquistem a independência financeira”, explica Maria Eduarda.

    Além da conservação ambiental, o trabalho da RSC tem desempenhado um papel social importante para as mulheres que pertencem às comunidades locais da Chapada dos Veadeiros, conforme ressalta a presidente da Rede de Sementes do Cerrado, Camila Motta.  “Esta iniciativa, realizada em parceria com a Cerrado de Pé, gera renda às comunidades tradicionais em locais onde as alternativas de renda relacionadas à conservação da natureza e do Cerrado são bastante limitadas. Sendo assim, a comercialização de sementes nativas acaba proporcionando a geração de renda a partir do Cerrado, que é muito mais inclusiva em termos de gênero, uma vez que coletar sementes é uma atividade que muitas mulheres gostam de fazer. A geração de renda a partir das sementes para as mulheres tem sido importante para o empoderamento destas mulheres”, complementa a presidente da Rede de Sementes do Cerrado, Camila Motta.

    Apoio

    Até agosto deste ano, a comercialização de sementes nativas realizada por meio do Projeto Mercado de Sementes e Restauração: Promovendo Serviços Ambientais e Biodiversidade contou com o apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF, Critical Ecosystem Partenership Fund).O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos é uma iniciativa conjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento, da Conservação Internacional, União Europeia, da Gestão Ambiental Global, do Governo do Japão, e do Banco Mundial. Uma meta fundamental é garantir que a sociedade civil esteja envolvida com a conservação da biodiversidade.

     

    Publicado em 28/10/2021

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